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Com nova 'safra' de garotos, São Paulo pode quebrar ciclo que não deu certo

O São Paulo sempre foi conhecido, nacional e internacionalmente, por formar grandes atletas. Se puxarmos na memória a história recente do clube, podemos citar diversos jogadores de nível de seleção brasileira, como Denilson, Kaká, Oscar, Julio Baptista, Hernanes, Lucas, Casemiro, David Neres, Militão, dentre outros.

O clube é conhecido, também, por negociar bem seus atletas formados "em casa", entretanto, sempre sofreu diversas críticas por não aproveitar dessa excelente formação dentro de campo. A maioria dos atletas são vendidos nos primeiros anos (senão meses) de carreira, por quantias "irrecusáveis", segundo a diretoria.  

O aumento das dívidas do clube nos anos de 2014 e 2015, época na qual o valor atualizado era próximo a R$300 milhões, fez com que o clube intensificasse a estratégia de venda de atletas promissores da base para quitar parte das dívidas e equilibrar suas contas. De 2013 até final de 2017, o clube faturou nada menos que R$ 702 milhões em negociação de atletas (valor atualizado monetariamente e sem os descontos dos direitos econômicos de terceiros).

Entretanto, apesar da dívida total do clube ter sido reduzida na ordem 27% no últimos 4 anos, não podemos considerar que a estratégia tem dado certo. O clube tem negociado jovens promessas (com salários relativamente mais baixos), que poderiam dar o retorno em campo, com títulos e uma maior valorização para o mercado europeu, e, para suprir a carência, tem contratado atletas de meia idade, de desempenho mediano, por quantias altas e salários próximos ao teto do clube. Além disso, são jogadores com pouco ou nenhuma identificação com o São Paulo, diferentemente dos garotos da base, que muitas das vezes, defendem esse clube desde os 10 ou 12 anos de idade.

     FontePor Rubens Chiri / saopaulofc.net

Essa equação mostrou-se fracassada, pois nos últimos dois anos, a dívida não foi reduzida na mesma proporção que a receita obtida com a venda de atletas e o clube amarga um dos maiores jejuns de títulos da história. Entretanto, com o surgimento de novas promessas, como Antony, Luan, Liziero, Igor Gomes, Helinho e Brenner, a diretoria do São Paulo tem uma decisão a ser tomada nos próximos meses: repetir a fórmula que não deu certo nos últimos anos e ceder ao assédio europeu, ou apostar nos garotos, mesclando com a experiência de atletas mais rodados no elenco, caso de Hernanes, Pato, Arboleda e Volpi.

Como todos os garotos estão com contratos renovados e multas contratuais na casa dos $50 milhões de euros, e as dívidas do clube estão em um nível controlado (a verificar assim que o balanço de 2018 for divulgado), entendemos que seja uma excelente oportunidade para o clube adotar uma nova estratégia de não ser somente um produtor de atletas, mas também um consumidor de seus talentos e, concomitantemente, um investimento para negociações maiores no futuro. 


Dentre os grandes, és o primeiro!

Filipe Cunha - Finanças Tricolor