O São Paulo Futebol Clube divulgou oficialmente, na tarde de ontem, suas demonstrações financeiras relativas ao ano de 2018. Diferentemente de outros clubes, o Tricolor mantém a publicação anual de seu balanço. Portanto, passaremos as próximas semanas "dissecando e detalhando" os números do São Paulo relativos ao último período e apresentaremos a vocês como andam as finanças do clube.
Podemos observar, no gráfico abaixo, que, o endividamento total do clube ao final de 2018 é de R$200,1 milhões (redução de pouco mais de 6% ante o mesmo período de 2017). Se comparado a 2014, a redução foi de mais de 30%. As receitas de negociação de atletas foram fundamentais para tal equacionamento. Entretanto, a redução de R$13,8 milhões de 2018 foi bem menor que a ocorrida em 2017, período no qual o clube reduziu sua dívida em pouco mais de R$43 milhões.
Fonte: Finanças Tricolor
Historicamente, o Finanças Tricolor entende como fundamental o detalhamento do endividamento do clube. Quando colocamos uma lupa nesse números, pode-se separar essas dívidas em: financeiras, tributárias e trabalhistas.
Dívidas financeiras são as dívidas obtidas mediante empréstimos bancários ou com terceiros. Essas dívidas preocupam pois, normalmente, apresentam juros maiores e são contraídas para solucionar problemas de fluxo de caixa ao longo do ano (quando o clube apresenta despesas maiores que receitas). Observa-se que em 2018, as dívidas financeiras do São Paulo aumentaram, passando de R$104milhões, em 2017, para R$106 milhões.
Colocando um foco nas dívidas bancárias, é interessante observar que em 2018, houve uma "substituição" de dívidas de longo prazo, para dívidas de "curto prazo", conforme apresentamos na tabela abaixo (retirada do balanço patrimonial do clube). Isso deixa claro o que citamos acima, pois as dívidas de curto prazo demonstram um problema de capital de giro no clube, devido principalmente à imprevisibilidade de boa parte das receitas do clube, como por exemplo, negociação de atletas, às quais representaram quase 40% de todas as receitas do clube no último ano. Dessa forma, o clube precisa recorrer a empréstimo de curto prazo, para fazer frente às despesas obrigatórias e recorrentes, como salários e direitos de imagens de atletas (mas este será assunto para um post futuro, aguardem).
Fonte: Demonstrações Financeiras - São Paulo Futebol Clube
Quanto às dívidas trabalhistas, às quais referem-se a obrigações devidas a empregados e seus encargos sociais, o clube reduziu em R$1,4 milhões. Finalmente, com relação às dívidas tributárias, foi onde verificou-se a maior redução do período. Conforme gráfico elaborado, o São Paulo encerrou 2018 com uma dívida de R$73,7milhões, redução de 17% no último ano. Concluindo, pode-se observar que a redução do endividamento do clube em 2018 deu-se, quase que em sua integralidade, pela redução das dívidas tributárias.
Dentre os grandes, és o primeiro!
Filipe Cunha - Finanças Tricolor