A recusa da oferta apresentada pelos clubes europeus aos atletas do São Paulo, principalmente a Anthony, atleta considerado por muitos como o mais valioso do elenco, demonstrou ao mercado que o clube precisa aumentar as receitas, mas não está desesperado por elas. Em sua última proposta, o Ajax ofereceu $15 milhões de euros imediatos, e mais $5 milhões de euros atrelados a metas do jogador. Além disso, o clube holandês compraria os 20% de David Neres, ainda pertencentes ao tricolor. Proposta esta, que foi novamente recusada pela diretoria do São Paulo.
Entendemos o posicionamento da diretoria do clube, que sinaliza algo que defendemos há muito tempo, que é uma mudança no ciclo vicioso em que o clube se encontra. Ciclo este que tem "obrigado" o clube a vender jovens promessas antes de darem o retorno esportivo e se "valorizarem" ainda mais, por barganhas para cobrir rombos financeiros obtidos em contratações muitas vezes contestadas e/ou caras.
Fonte: Por Rubens Chiri / saopaulofc.net
No entanto, identificamos um aspecto negativo na atual gestão, que é o fato do clube ter uma enorme dependência de receitas não recorrentes (que são receitas imprevisíveis, às quais o clube não sabe se terá e de quanto será, como por exemplo a receita de venda de jogadores e premiações; clique aqui para saber mais sobre as receitas recorrentes e não recorrentes do São Paulo).
Em 2018, último dado oficial divulgado pelo clube, o percentual de receitas não-recorrentes foi de 37,7%. Foram R$ 154 dos R$410 milhões arrecadados pelo tricolor provenientes da venda de atletas. Como explicamos, por ser uma receita não recorrente, o clube não pode contar com ela todo ano. Dito e feito, em 2019, clube registrou um alto prejuízo pois projetava, ainda ao final da temporada, arrecadar R$80 milhões em venda de atletas, mas com as recusas das propostas feitas por Walce e Anthony, e um menor apetite do mercado europeu nessa janela de começo de ano, a meta não foi cumprida.
Essa frustração de receita na venda de atletas aliado a um período de baixas receitas nesse início de ano, no qual premiações, bilheteria e cotas de TV ainda são baixas, gerou um problema de fluxo de caixa no clube, o que pode ter sido motivo do atraso dos salários divulgado pela mídia no começo dessa semana.
Como as projeções de fluxo de caixa para os próximos meses não são divulgadas pelo clube, é difícil prever se esse problema, até o momento, pontual, poderá afetar o clube ao longo desse primeiro semestre, e se o clube terá que recorrer a novos empréstimos para cumprir as despesas com salários.
O fato é que, se esse atraso vier a acontecer com maior frequência, poderá ter reflexo dentro das 4 linhas e colocar em cheque todo o planejamento financeiro do clube no cumprimento das metas esportivas e aumento das receitas derivadas desse sucesso como bilheteria, premiações, cotas de TV e valorização dos atletas do elenco.
Dentre os grandes, és o primeiro!
Filipe Cunha - Finanças Tricolor