A pandemia do COVID19 tem abalado os sistemas de saúde e econômico ao redor do mundo em todos os setores, inclusive no futebol. Ainda sem termos uma real noção do grau de extensão das medidas de isolamento, o que tem impactado diretamente o mundo do futebol, impossibilitando a realização de partidas, e por quanto tempo elas durarão, a única certeza que temos é que as receitas dos clubes estão sendo diretamente afetadas.
Não é novidade o problema dos clubes, principalmente os brasileiros, com seu fluxo de caixa, e no São Paulo não é diferente. Ano passado, o tricolor paulista teve que obter empréstimos para fazer frente às despesas obrigatórias com salários, direitos de imagem, dentre outras, devido à frustrações de receitas que eram esperadas pelo clube, devido às eliminações precoces na Libertadores e Copa do Brasil. Já no começo deste ano, o valor pago pelo Ajax-HOL referente à venda de Antony, serviu, em parte, para o clube normalizar os salários dos atletas que estavam atrasados.
Uma das receitas mais importantes para o São Paulo fazer frente às despesas do dia a dia é a oriunda de bilheteria, pois é uma receita que ocorre ao longo de todo o ano, com uma certa previsibilidade. Claro que depende muito de como o clube está performando ao longo do ano, mas o financeiro do clube consegue estimar qual será a arrecadação média, com base no histórico dos últimos anos. E é aí que está o grande problema. Devido às medidas de isolamento que se intensificaram ao redor de todo o mundo e sem termos uma perspectiva otimista para os próximos meses, as partidas de futebol com torcida estão ameaçadas e não sabemos quando que elas poderão voltar a ocorrer.
Gráfico: Finanças Tricolor
Dessa forma, fizemos um estudo prevendo o possível impacto financeiro ao São Paulo caso o clube não tenha jogos com torcida até o final de 2020. Para isso, utilizamos como base a média de público do clube no último Campeonato Brasileiro (2019) e projetamos a renda desses jogos para 19 partidas no Morumbi e consideramos a projeção do clube, feita em seu balanço para 2020, que é de avanço até as oitavas-de-final da Libertadores e quartas-de-final na Copa do Brasil.
Portanto, para a Libertadores, consideramos o tíquete médio da partida contra a LDU (R$75,00) e projetamos um público médio de 45.000 pagantes para as 3 partidas hipotéticas. Para a Copa do Brasil, o avanço às quartas-de-final representariam duas partidas no Morumbi, as quais projetamos renda de R$1,5 milhão por partida, valor baixo, porém acima do que o clube vinha arrecadando em jogos dessa competição nos últimos anos. Quanto ao Paulista, consideramos o desempenho do ano passado, classificação para a final da competição.
Resumindo, caso tenhamos um cenário pessimista de realização de partidas com portões fechados até o final deste ano, a estimativa do Finanças Tricolor é de que o clube deixe de arrecadar algo em torno de R$ 46 milhões somente com bilheteria. Esse valor seria a frustração de receita com esse item, sem falar em venda de produtos dentro do estádio, negociação de camarotes, dentre outras fontes que tornam esse "prejuízo" muito maior para o São Paulo Futebol Clube.
Dentre os grandes, és o primeiro!
Filipe Cunha - Finanças Tricolor